quarta-feira, 2 de maio de 2012

É igual um banho quente, mas


É igual aquele banho quente, gostoso, reconfortante... mas com umas gotinhas geladas pingando. Você olha pra cima, não sabe dizer exatamente de onde vêm aqueles pingos que cortam a maciez do seu banho. Poderiam vir dali, ou mais pra esquerda, ou do outro lado do chuveiro. Fato é que elas caem e atenuam o calmante efeito do morno.

A gente vive nos intervalos entre os banhos frios. Esses que a vida dá na gente, ou que a gente se dá. Hiatos pontuando a satisfação, a plenitude, o bemestarbem. A água quente massageando os músculos um tanto cansados. A água limpa correndo pelo corpo enérgico, levando pro ralo as poluições do mundo. A espuma, carinhosa. Tudo isso desaparece quando as gotas geladas caem - não sei de onde.

E tanto caminho parece de nada ter valido. Aquela felicidade de ontem, cadê? Eu fiz as pazes, paguei as contas, perdoei, pedi perdão. Eu agradeci pelas coisas, eu admirei o azul do céu, vivi dias dando bom dias e sorrisos e pegando sua caneta do chão. Eu abracei minha vida e a chamei de linda - quente, gostoso, aconchegante. Até que as gotas caíram - uma ausência, uma sombra, um arrependimento, uma vontade sufocada, uma saudade encurralada, qualquer dúvida, tudo que não sei saber, eu eu eu, não não não. Neve na pele quente e beijada pelo Sol. Coágulo.

E a vida se monta nesse quebra-cabeça, peças douradas, peças cinzas. Torcendo pra que o outono traga mais raios e menos frustrações. Pra que o banho quente dure, dure, dure. Lave, lave. Cheiroso, gostoso, macio. Até que  o chuveiro seja enfim consertado, e adeus, frias gotas.

domingo, 1 de abril de 2012

Fabiana

Cabelos oleosos de uma chapinha de tresantontem e blusa falsificada da Hollister. Fabiana se preparava para mais uma sexta-feira. Mastigando o chiclete rápido e com a boca aberta, seus dentes se projetavam um pouco pra fora. Dentes brancos de Kolynos. Seu piercing dourado de material inadequado, o celular dentro da calcinha, que podia ser vermelha ou bege. Fabiana ia beber na Praça Sete e depois, ao som de sequências e sequências eletrônicas, procurar um par de lábios. Fabiana trabalhava de segunda à sexta. Entre corredores rosas, blush e reclamações. Trabalhava pra bancar a cerveja, o cigarro Vogue, o motel e a batida eletrônica.

Aos 15 anos, Fabiana amou. Amou como não se deve amar aos 15 anos. Não era um professor de história, mas o homem da sua vida. E se não era ele, nenhum outro havia de ser. Nunca mais o mesmo perfume ou o mesmo meio-sorriso ao falar do Estado Novo. Nunca mais aquela corrente de couro no braço, aquela barba mal compreendida, aquele jeito de quem não queria saber tanto. Mas sabia. Sabia mexer com o mais íntimo centímetro da existência de Fabiana. Ela era gagueira e notas altas, de quem decora todas as faixas do seu artista preferido. Para depois ter um parabéns perante toda a sala, ardendo bochechas e coração.


Mas aquele amor não pôde ser. Não naquele ano. Nem nos que se seguiram.


E Fabiana enterrou o amor. O amor e os homens, até aqueles que poderiam saber serem dela. Fabiana fez de suas amigas, amantes, e media o amor pela habilidade dos dedos e línguas. E trabalhava para pagar o cigarro de menta, a Skol e qualquer suíte.


Ela queria ter ido pra faculdade. Estudar o que já havia aprendido, mas mais, bem mais. Se reencontrar com as palavras que aquela - só ela - boca havia proferido. Tão ontem. Também queria dar meios sorrisos, e se unificar àquele ex - e tão hoje - amor.


Mas Fabiana trabalhava na Pink Biju. Gloss e calça jeans justa, embora odiasse. Não queria aquela argola de alumínio no nariz. Não queria tanta Nova Schin, tantos sabonetes de motel e nem aquele constante cheiro de tabaco. Ela não queria a repetição semanal de botecos, boates e mamilos. A sede que copo-lagoinha nenhum saciava. Ela não queria tantas mãos nos seus quadris, tanta gargalhada, tanto chiclete mascado rápido e com a boca aberta. Ela não queria o falsificado nem o justo. Mas tudo aquilo era todo o nada que Fabiana - não - tinha.


A saia longa e esvoaçante, os cachos libertos ao vento, o jazz nos ouvidos. As mãos que apertavam mãos em vez de bundas. O olhar sem sombra preta, o vinho,  os documentários sobre a Revolução Francesa. As tardes de sábado na grama, as noites de domingo na cama, um lençol limpo e que não recebia só gozo, mas café e livros e beijos nos ombros e olhos preguiçosos e mentes alertas e sonos cansados e sorrisos e sorrisos e sonhos. Pão de queijo saindo do forno, um gato no sofá, um monte de flores na jardineira. A breguice do crochê, a poesia de Vinicius de Moraes, os passeios de bicicleta.


Tudo aquilo ia ter que ficar pra outro dia. Em outra vida.

terça-feira, 20 de março de 2012

leileão

Compra-se-vende-se 
cabeça oca 
superlotada.

Cheia de tudo. 
Deserta, três nadas. 
Uma verdade:
inacabada. 

Me tem e me diz: povoa-me ou apavoro-te.

sexta-feira, 16 de março de 2012

qualquer coisa

Foi dando passos arrastados pela cidade que esse pensamento me atravessou: acho que somos todos perdidos. 
A qualquer tempo atrás ela usava sandálias artesanais de couro e qualquer coisa que esvoaçava no corpo. Tecidos leves e estampados para um semblante leve e despreocupado. A pé ou de bicicleta, sempre as mãos dadas. Com um par que imitava seu cabelo, e os fazia mais que amantes - dois irmãos. Ela carregava mudas em uma caixa de papelão quando me ofereci para ajudar. As mochilas anunciavam o futuro acampamento; as mudas, as flores que ela faria nascer, de pés no chão.
Qualquer tempo passou e eu vi o irmão com outra moça, que já não parecia uma irmã, mas uma peça de lego desencaixada que ele havia posto ao seu lado, por amor ou por prazer. O semblante estampado com tecidos despreocupados teve de dar licença, para aquela nova paisagem se pintar.
E para que outro quadro ela teria ido, eu não saberia dizer.
Até hoje. Até que reconheci aquele cabelo - o mesmo, ainda que agora sem par. Calça jeans, blusa social de tons escuros, um tênis de couro. Um piercing de boi no nariz. Ainda poderia ser ela, embora mais nada esvoaçasse, nem resplandecesse... não fossem aqueles olhos, com qualquer coisa de preto, por volta, por dentro.
O que estava ali não era ela, mas sua reinvenção. Ainda que antes tivesse a certeza de que amava a leveza e os pés no chão. No novo quadro, não havia girassois.
Então, esses somos nós. Todos perdidos, não na mesma medida, ou pelas mesmas esquinas... mas perdidos. Nos encontrando em agosto para nos perdermos em novembro. Natal numa oca, carnaval atrás do trio elétrico. Identificar reflexo, quebrar espelho. Achar no sofá, perder na mesa. Buscar, acertar, e errar, nunca tendo errado. Saber que não é, jurando ser. Querer ser, sabendo que não há.
Ela é alta, magra, usa tons sóbrios, ouve bossa nova e toma vinho antes de transar. Ela tem roupas e guarda-roupas a perder de vista, e o que não encontra nas pessoas, procura em qualquer cabide. Ela só quer qualquer alguém, em quem possa repousar sua segurança e seu tesão.  Ela tem sido, total e completamente; passa 24 horas sendo, sorrindo e fazendo. Ela olha vidas, amores e corpos que queria que fossem seus. Ela gosta de cores e de alegria, e tem qualquer coisa infantil. Tantas elas, em tantos lugares... tantas elas. E eu e umas perdidas. E outras, encontradas? Por quanto tempo? Até que dia? Até que vinho, que não, que adeus? Pelo tempo que for possível carregar o incrível peso de ser. Enquanto sempre, perdidas.
Busquemos. Até que o destino se fatigue do desvio, dos fins, da contra-mão. E aí, então, sejamos - pela primeira, milésima e última vez -, sejamos.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

"Quando eu morrer"

Não que eu esteja pra falar da morte. Pelo contrário, eu tô pra falar da vida, pra passar os dedos no cabelo dela e admirar sua beleza infinita. Suas possibilidades e paisagens, suas fórmulas e cores, seus caminhos, esquinas, sabores. Até que eu li o texto de uma conhecida, intitulado “Quando eu morrer”. E lembrei do quanto eu queria um lugar pros meus planos póstumos... e aqui estamos nós.

Imagino que, quando eu morrer, as pessoas vão sair procurando vestígios de mim. A gente faz isso, a gente cheira o travesseiro, namora cartas, a gente se abraça aos pedaços de mundo que quem partiu, deixou. E aí, quem sabe, esse blog não seja descoberto? Talvez ele já tenha sido descoberto antes, talvez eu o tenha divulgado...  de qualquer forma, penso que, na ocasião da minha morte, essas palavras tenham grandes chances de receber alguma atenção.

E o primeiro passo do manual é fácil: aproveitem o que puder do meu corpo. Doem, mas doem tudo, até os cílios, se houver quem os queira. Não tem porque nada ficar comigo, se já não me há ali. Estarei em outro lugar, voando, admirando a vida de cima, de mãos dadas com um pássaro, me permeando de azul.

Tendo levado tudo o que pode ser útil a outras pessoas – e eu realmente espero poder ajudar – sobra o que deve ser cremado. Se a vida fosse Hollywood e houvesse chance de eu estrelar uma cena de comédia sendo cheirada pelo meu genro, eu até topava, fazer mais alguém rir, uma última palhaçada. Mas dada a realidade de que eu não quero ficar num vaso de porcelana assombrando a sala de jantar de ninguém, vocês terão que dar um fim nas minhas cinzas.

Eu queria mesmo era ser jogada no mar. Porque é clichê e bonito. Dá a impressão de que vou estar em todos os lugares, mesmo estando em parte alguma. Estarei nadando ou voando ou flutuando, e os três ao mesmo tempo. Não vai haver um altar para abrigar todos os rituais sem sentido que perpetuamos. Quem quiser falar comigo, poderá falar em pensamento, em qualquer lugar, sob qualquer circunstância. E as flores que me seriam presenteadas, podem deixá-las na natureza. Alimentando abelhas, ornamentando jardins, protagonizando desenhos. Eu as verei lá de cima.

Mas, mineira que sou, esse mar pra me abrigar não haverá de estar muito perto. Então chega o verdadeiro último pedido: viajem. Viajem juntos. Não sei quantos, mas visualizo alguns ‘quens’. Viajem juntos para qualquer praia. Viajem de carro, de carro cheio, entre pessoas, malas e sorrisos. De som ligado e janelas abertas. Façam paradas no caminho, comparem o pão de queijo deles com o nosso. Conversem. Se olhem nos olhos. Eu farei de tudo para pintar de azul esse dia glorioso. Sentem de frente para o mar e riam às minhas custas. Repassem meus porres, meus micos, meus problemas mentais. Façam as bochechas e barrigas doerem, como tantas vezes fazemos – fizemos. Desliguem os celulares, desabotoem a calça, fiquem descalços. Esqueçam seus problemas. Lembrem da juventude, da leveza, de como viver é bom. Façam desse dia um tributo à amizade, à arte de ser feliz em conjunto. Se sintam unidos de novo. Relembrem nossas melhores memórias, e aqueçam o coração com a certeza de que estarei sentada por ali, rindo e me emocionando com vocês. Se abracem.

E então, a vida continua. Seremos separados pela barreira invisível entre a realidade e o que não se sabe saber. Fiquem tranqüilos, eu estarei bem. Estarei repousando, serena, com a minha alma (nunca pequena). E vocês tratem de ser felizes e me darem orgulho por viverem vidas bonitas de se ver.

Além dos meus órgãos, espero que fique aqui na Terra alguns bons conselhos meus, para as horas de indecisão, dúvida e confusão. Espero que fique a lembrança de um colo acolhedor, para os momentos mais solitários. Espero que fique uma marca positiva no mundo, de alguém que tentou, das maneiras que pôde, fazer dele um lugar melhor. Espero que fique o espectro de um riso, pronto para ser reativado a qualquer instante. E, mais que tudo, espero que fiquem sinais de amor, disseminado em pessoas, animais, lugares, páginas, músicas, sorrisos, olhares e corações. Pulsem. 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

perdida medida

O fato é que eu perdi a medida. Perdi a medida de quantos ‘eu te amo’ são saudáveis, de quantas vezes é normal sentir saudades suas em 24 horas. Não acho a fronteira onde deve acabar o meu amor por você, pra começar o meu amor por mim. Não sei a porcentagem certa para as doses de culpa e de otimismo. Não sei o quanto eu te obrigo a dizer, ou o quanto você diz porque quer. Não sei o quanto eu me obrigo a dizer, pra te lembrar de que sou sua. Não sei se é certo ser assim tão sua. É aqui dentro que meu coração bate e é aqui dentro que as dores doem. Doem sem conseguir sair. Porque sair em palavras leva o peso pra você. Sair em lágrimas deixa a angústia no ar – oxigênio, nitrogênio, e dezenas de coisas que eu não sei resolver. E não sair... não sair deixa esse embaraço aqui dentro, a dúvida sobre o que houve antes e o que há de vir adiante. Já não sei acreditar nas suas palavras. Já não sei achar suficiente o que existe – talvez porque meus sentimentos tenham extrapolado o suficiente. Extrapolei a medida. A medida entre eu e todo o resto do mundo. Entre eu, você e tudo. Não sei mais quando o ciúme se torna absurdo, quando minha tristeza se torna um fardo, quando as minhas palavras desesperam. Eu só sei imaginar fora da régua. E você não me traz pra realidade. Eu sigo em curvas, procurando um sentimento que eu possa adotar, uma frase que vá fazer sentido, uma exigência que caiba no novo quadro que se pintou. Eu procuro esboços daquele quadro antigo. Eu rabisco rascunhos para uma próxima paisagem... e, no entanto, o presente se desenha sozinho. Uma confusão de riscos que eu não sei ler. Não sei onde está o nosso lugar, o lugar do nosso amor. Não sei onde tem um banco onde a gente poderia repousar em silêncio, de mãos dadas, vendo o tempo passar. Não sei que parte sua procura por esse espaço, e nem qual pedaço de mim vai conseguir sobreviver se ele não existir. Não sei quando calar e quando dizer; não sei quando me entregar e quando ser forte; não sei quando te deixar ir. Não sei quando te deixar ir. Não sei como deixar que você se vá. Não sei se você está indo. Não sei se eu estou te empurrando. Não sei se minhas mãos ainda agüentam segurar qualquer pedaço da sua blusa... não sei com que força eu ia querer apertar, e com que intensidade você se esquivaria. O vento bate e eu não consigo entender se então o amor se tornou isso. Uma pintura abstrata que nada diz, nada assegura. E deverá o artista insistir? Em pinceis que cansaram de ser manuseados? Acho que a cor desbota porque quer. Porque um dia o vermelho cansa as vistas, e alguém sai pra procurar um branco, longe em outros horizontes. O vermelho é uma cor forte, que não dá pra confundir. Eu já não vejo vermelho. Eu vejo suas mãos cansadas acenando tchau. Me vejo num porto vendo o barco zarpar. O grito, as lágrimas, o bater de pés – nada alcança a embarcação, que enfrenta as ondas e desbrava o mar. O som de um choro lá é o piar de um pássaro. E se incomoda, alguns passos o silenciam. Quem chora, sente a força se esvair. Quem assovia, deixa ser leve a vida que segue.


Eu vou esperar que o vermelho volte, que o coração se assente numa poltrona confortável e seca de quaisquer lágrimas. Eu vou esperar que medidas passem a ser instintos e não esforços – que eu volte a saber quanto amor uma pessoa pode sentir, para não exigir do meu corpo algo que ele já não consegue suportar. Vou esperar um sorriso seu de volta, espontâneo. Vou esperar um abraço sincero, um beijo sem pena, sem peso, sem dilema. Vou esperar uma flauta que ressona e que de repente são suas palavras de amor, aquecendo meu peito nesse verão infernalmente gélido. Vou esperar que sejamos suficientes – eu, você e o amor. Que as dúvidas cessem, que as lágrimas sequem, que o nó se desfaça. Que eu encontre palavras que possam ser minhas, um olhar pra chamar de meu, um beijo onde eu possa fazer casa, sem nunca mais ter que me perguntar qual é a medida do amor. 

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

mosaico

Um blog é pouco para todas as impressões que eu queria registrar, uma cabeça é pouco pra tudo guardar, eu sou pouca pra tanto mundo. Tanto mundo que tem me cercado por todos os lados, me preenchido e me esvaziado, me dado nortes e becos sem saída. Com o sentimento recorrente de que quanto mais conheço, mais há para se conhecer, o universo se mostra esse abismo entre eu e todo o resto. Uma menina armada de olhos, ouvidos e coração, sempre facilmente impressionáveis. E agora com novas lentes e prismas, câmeras, gravadores e papeis se confundem comigo, com o outro, com essa alteridade difusa e sem fim, que somos nós aos olhos dos outros e o mundo pelos nossos olhos. Meus braços querem se esticar até onde a vista não alcança, quero sentir todas as dores e sabores, embora eu saiba não conseguir suportar. O peso é grande, a vida é curta e eu sou uma. Uma que queria ser mil, sem nunca deixar de me ser. Na estreita imensidão dessas pluralidades, ando e observo as paisagens, me vejo pelas janelas dos ônibus, meu reflexo está nas íris com as quais cruzo.


E passo as semanas matutando textos na minha mente. Mas escritora de pensamento não tem palavras onde possa se deitar quando os dias estiverem vazios de sentido. Eu preciso explicitar tudo que tenho aprendido e apreendido, tornar tudo isso real e encarar que meu destino é ser mosaico, é ser o “pouco de tudo, e muito de cada pouco” que um dia Forfun cantou, é ser portal entre um coração apressado e um mundo estruturado em caminhos tão diversos.


E talvez, no fundo, quem saiba seja desperdício guardar tanta vida assim só pra mim. Quadros lá fora que você não pode ver, pois minhas pupilas que os pintaram. Eu não sei nada completo, nada direito, sou consecutivas construções e desconstruções, sou perdida entre ruas e palavras e bandeiras. Mas eu costumo ser de coração. E um dia isso há de valer.